a vida de plástico nunca pareceu tão fantástica e tão real ao mesmo tempo. em Julho de 2023, ficou impossível escapar da onda rosa: a megacampanha publicitária; os looks do filme e de quem foi assistir ao filme; os filtros do Instagram; a DreamHouse cor-de-rosa listada no Airbnb; as mais de 100 (!) colaborações com marcas, de escova elétrica a hambúrguer; os incontáveis reacts; o meio milhão de artigos (!!); os memes, os tantos memes. Barbie não é onipotente, mas é onipresente.
a explosiva obra de Greta Gerwig vem conquistando cada vez mais pessoas e mais dinheiro, impulsionando uma horda de posts de coaches de Instagram sobre o que estaria por trás do sucesso da narrativa da controversa boneca. ainda que não faltem críticas ao entorpecimento e ao encantamento massivos com o longa metragem, que às vezes parece um comercial de 2 horas, chama atenção uma certa unanimidade sobre um elemento de Barbie: o filme é visualmente lindo.
a atmosfera brilhosa, vibrante, irresistivelmente pop, espantosamente comercial e profundamente teatral tornou-se um dos maiores trunfos da trama. entre muitas referências e influências, Gerwig afirma que seu objetivo era criar um mundo autenticamente artificial, genuinamente falso, fake de verdade. um universo tão visualmente tátil e fantasioso quanto brincar com o brinquedo em si — ou talvez muito mais cativante.
os custos são altos, do orçamento de $100 milhões à drenagem do suprimento global de tinta rosa. o resultado é tão sedutor que é capaz de produzir um universo sintético de emoções bastante verdadeiras. há cor e artificialidade, diversão e caos. estamos diante do ápice da cultura instagramável, indo muito mais longe que os museus de sorvete e as obras imersivas que nos trouxeram até aqui. é natural que o parque temático esteja à caminho. mas o que a fantástica vida de plástico que vemos no cinema (e suas incontáveis aparições no lado de cá da tela) têm a dizer sobre o atual estado das coisas?
ARTIFICIALIDADE AUTÊNTICA é o sintoma coletivo de um tempo em que a inautenticidade tornou-se estranhamente real. habitamos um estado de tamanha distorção da realidade e de nós mesmos que a pergunta “mas isso é real?” parece até descartável. sim, queremos e precisamos saber o que é verdade, mas também ressentimos amargamente qualquer realidade que coloque nossas ficções em perigo.
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