refs. #30 IA: Inconsciente Artificial
o que acontece com o nosso psiquismo com o uso cada vez mais intenso da IA?
a Inteligência Artificial está prestes a mudar o mundo radicalmente, mas ninguém sabe as reais quais consequências dessa grande revolução. estamos diante de novos recursos de criatividade, automatização de tarefas, maneiras de aprender e ensinar.
por outro lado, são muitos sinais vermelhos sobre desinformação, eliminação de empregos e setores inteiros da economia, além de ameaças à nossa segurança. o termo “risco de extinção” tem sido usado sem ressalvas. para uns, estamos às portas de um admirável mundo novo; para outros, o inverno chegou. tudo em ritmo acelerado, como manda o presente extremo.
mas e a relação de tudo isso com a saúde mental? o que já está (ou vai) acontecer e com o nosso psiquismo diante do uso cada vez mais intenso e sofisticado da IA? será que já existe um Consciente… ou mesmo um Inconsciente Artificial? você toparia fazer análise com um robô? ou ainda… toparia ser analista de um robô? 🤖
nesse episódio, contamos com a participação do doutor em sociologia e membro do Instituto Amma Psique e Negritude Deivison Faustino, com o doutor em história e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal Fluminense Walter Lippold; e com o jornalista, apresentador do "Boletim do Fim do Mundo" pelo Estúdio Fluxo, além de Editor-Chefe do Greg News, Bruno Torturra

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e para ampliar ainda mais a discussão, reunimos abaixo algumas referências que nos ajudam a articular este tema. lembrando que o Vibes em Análise está com uma parceria com a livraria on-line Dois Pontos, que faz uma curadoria incrível de publicações, além de muito conteúdo pra que você encontre o livro que procura e o que nem sabia que estava procurando.
você pode comprar muitos dos livros que indicamos no episódio com 20% de desconto usando o nosso cupom "FLOATVIBES"
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1. COLONIALISMO DIGITAL — DEIVISON FAUSTINO e WALTER LIPPOLD
Deivison Faustino e Walter Lippold nos provocam a pensar no que está por trás do sedutor canto da tectopia: soberania digital, racismo algorítmico, solidões conectadas e outras ciladas da hiperconectividade. é um trabalho muito potente sobre o colonialismo dataficado e gamificado em que todos vivemos, uma análise fundamental para pensarmos na forma como a IA tem sido embalada e apresentada pelas techs. no blog da Boitempo o Deivison e o Walter escreveram um texto afiado sobre como, nesse cenário, não temos direito nem mais à morte.
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2. TERRA ARRASADA — JONATHAN CRARY
talvez um dos livros mais ambiciosos do crítico de arte e ensaísta Jonathan Crary, também autor de 24/7: Capitalismo Tardio e os Fins do Sono, em Terra Arrasada, Crary reflete sobre como o capitalismo tardio se apodera de nossas possibilidades de existência subjetiva e objetiva, mediante o que ele chama de “complexo internético”. contrariando o mantra da Creator Economy, o autor argumenta que vivemos o colapso do nosso senso de agência e da nossa criatividade, e que estamos diante de “uma verdade irrefutável: não existem sujeitos revolucionários nas redes sociais”. vale também escutar um pouco do autor nesta entrevista.
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3. 2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO — ARTHUR C. CLARKE
paira no ar um sentimento de que estamos diante de um dos maiores perigos à raça humana, já que muitos consideram a massificação da IA um equivalente à criação da bomba atômica. vem circulando bastante um dado de que 50% dos pesquisadores de IA acreditam que há 10% de chance dos humanos serem extintos devido à nossa incapacidade de controlar a IA. na verdade, a afirmação vem de uma pesquisa em que essa pergunta teve uma taxa de resposta de apenas 4%, então estamos mesmo em um contexto paranóico catastrófico. nesse cenário, o personagem HAL 9000 é protagonista. o supercomputador da ficção de Arthur C. Clarke, imortalizado nas telas do cinema por Stanley Kubrick, é o uma figura ! arquetípica do que pode acontecer quando a máquina se torna autoconsciente.
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4 . TRABALHOS e FALAS do SILVIO MEIRA
“a página histórica da Inteligência Artificial já virou. a questão é como vamos nos posicionar e o que vamos fazer. precisamos de pressa, mas não de desespero. pressa é ter um plano; desespero é só sair correndo. agora é aproveitar oportunidades, minimizar riscos, criar políticas. boa sorte a todos”. foi com essa frase que o cientista, professor e empreendedor Silvio Meira encerrou uma palestra recente que assistimos sobre IA no Brasil. o professor deu uma entrevista muito boa ao Roda Viva, além de publicar textos muito elucidativos em seu blog e o e-book gratuito Inteligências individuais, social e artificial.
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5. FAKE NEWS E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL — MAGALY PRADO
a jornalista e pesquisadora nos conduz pelo dilema contemporâneo da verdade: se temos os bots responsáveis pelos disparos em massa de desinformação, há também a esperança de que sistemas de IA possam cumprir o papel de checagem de forma eficiente. será? é um ótimo livro para pensarmos em como tecnologias que foram apresentadas ao mundo como fontes de democratização da informação se tornaram ferramentas de manipulação, distorção e, como escreveu o jornalista Max Fisher em A Máquina do Caos. no campo da política, vale conhecer também o Máquina do Ódio da jornalista Patricia Campos Melo sobre violências digitais.
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“numa sociedade capitalista moderna, tecnologia foi, é e sempre será uma expressão dos objetivos econômicos que a direcionam à ação” — Shoshana Zuboff
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e para quem quer mais, segue uma lista de (muitos) links adicionais:
— A Era do Capitalismo de Vigilância, livro da sociopsicóloga Shoshana Zuboff é uma leitura fundamental para os tempos tecnoneoliberais;
— o artigo da Revista Piauí sobre os limites da Inteligência Artificial nos ajuda a entender melhor que ferramentas são essas, quais suas funções e também seus devaneios;
— a vibe EFEITO MID faz uma reflexão sobre criatividade e originalidade em um contexto onde a indústria cultural gerada por IA corre o risco de se tornar um grande oceano de mesmice;
— o estudo do The Verge com a Vox Media com mais de 2.000 adultos estadounidenses sobre seus pensamentos, sentimentos e medos em relação a AI;
— para quem se interessa pelo impacto da Inteligência Artificial no mundo do trabalho, vale ler a vibe CILADA DA AUTOMAÇÃO do nosso estudo Sentidos do Trabalho;
— o capítulo final do Design Threads, nosso estudo com o estúdio PORTO ROCHA sobre as vibes do design, também traz reflexões sobre a relação do trabalho com a IA;
— indo além do tal do Apocalipse do Trabalho, o sociólogo e professor Ricardo Antunes deu uma excelente entrevista para a Rádio Escafandro;
— o artigo do Henrique Novaes sobre fetichismo tecnológico, citado por um dos nossos convidados do episódio;
— o convite-apelo da Veridiana Zurita no Outras Palavras para que a gente largue a mão da IA e agarre o inconsciente;
— ainda na linha catastroficista, vale assistir o famoso vídeo do pesquisador Tristan Harris sobre o The AI Dilema;
— o episódio Joan é péssima da sexta temporada de Black Mirror projeta um cenário bastante impressionante do que acontece quando não temos mais nenhum direito à nossa própria imagem;
— para quem quer ir mais fundo no debate que está no centro da greve de atores e roteiristas de Hollywood, vale assistir O Congresso Futurista do Ari Folman. no filme, Robin Wright vive uma atriz que vende sua imagem para um estúdio que a transforma em uma atriz virtual. é uma versão muito atual da clássica narrativa do que acontece quando um indivíduo vende sua alma.
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boas imersões e até o próximo episódio! <3