refs. #36 Manual Impossível da Rejeição
uma negativa do outro é sempre uma rejeição?... e como lidar com esse sentimento?
o episódio final de temporada do VIBES EM ANÁLISE vem com um tema que a gente ama odiar: ❤️🩹
poucas experiências podem ser tão arrasadoras quanto tomar um fora. inclusive, podemos passar uma vida inteira temendo esse momento.
a rejeição é descrita como uma das piores feridas emocionais que o ser humano pode experimentar. mas, por mais dolorido que seja, encarar a recusa do outro nos ajuda a furar a prepotência do nosso narcisismo.
e será que dá pra pensar em um “manual” para lidarmos melhor com a rejeição?... e qual é a ética para declinar uma demanda do outro que não queremos ou não conseguimos aceitar?
para esse tema, contamos com a participação do professor do Instituto de Psicologia da USP, doutor em Teoria Psicanalítica pela UFRJ e presidente do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi Daniel Kupermann.
para ampliar ainda mais a discussão, reunimos aqui algumas referências que nos ajudam a articular este tema. lembrando que o Vibes em Análise está com uma parceria com a livraria on-line Dois Pontos, que faz uma curadoria incrível de publicações, além de muito conteúdo pra que você encontre o livro que procura e o que nem sabia que estava procurando.
você pode comprar muitos dos livros que indicamos no episódio com 20% de desconto usando o nosso cupom "FLOATVIBES"
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1 . A FALHA BÁSICA — MICHAEL BALINT
o renomado trabalho do psicanalista húngaro nos ajuda a pensar nas faces mais profundas e nefastas da rejeição. ele retoma o desenvolvimento precose para explicar a desvitalização de sujeitos que vão lidar com níveis altos demais de rejeição durante toda sua vida psíquica. Balint se surpreende com sujeitos que sofrem com as falhas traumatizantes do ambiente e dos objetos primários e que carregam em seus psiquismos uma falha básica — que é como um lugar da ‘morte dentro' , uma espécie de cripta subjetiva.
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2 . REJEIÇÃO E DESEJO — MARIA HOMEM
“rejeição é a carapaça imaginária da nossa onipotência narcísica”. essa é uma das frases retumbantes de um dos conteúdos mais assistidos da psicanalista Maria Homem. no vídeo-ensaio, ela nos convida a pensar em como a rejeição é, geralmente, parte de um processo de achatamento subjetivo do outro e de nós mesmos; e que precisamos abrir mão das nossas fantasias de controle. vale assistir essa fala sobre como a rejeição talvez seja, como ela diz, um dos significantes mais equivocados do mundo (!).
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3 . CORAÇÕES MURCHOS: O TÉDIO E A APATIA NA CLÍNICA PSICANALÍTICA — ADRIANA GRADIN
o livro da psicanalista faz uma análise minuciosa e aprofundada sobre indivíduos que alegam viver de forma anestesiada e sem prazer, entediados e apático. "Corações Murchos" é uma obra fundamental para pensarmos em como a impossibilidade de firmar laços afetivos intensos tem cunho defensivo, ou seja, é uma rejeição pela via da desvitalização dos vínculos e das subjetividades. Adriana já foi convidada em um dos nossos episódios, Paixões Bloqueadas.
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4 . SEM MEDO DA REJEIÇÃO — JIA JIANG
o famoso experimento do autor chinês que realizou um projeto 100 dias de rejeição, no qual fez pedidos insólitos a estranhos e buscou o "não" de forma proposital, de forma repetitiva e sistemática. Jiang nos convida a separar a rejeição da ideia de humilhação, um sentimento de vergonha que muitas vezes nos aprisiona no medo.
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5 . VOCÊ SEMPRE TROCA O AMOR DA SUA VIDA (POR OUTRO AMOR OU POR OUTRA VIDA) — AMALIA ANDRADE
a ilustradora e escritora (e influenciadora) colombiana encara a ambiciosa tarefa de refletir sobre a transformação de um acontecimento negativo em uma experiência de libertacão. seguindo o mantra “no amor e na falta de amor, nunca estamos sozinhos”, ela faz boas reflexões sobre corações partidos. vale assistir sua breve entrevista para a Editora Planeta.
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e para quem quer se aprofundar mais nos desafios desse tema, seguem alguns links:
— nossa investigação sobre rejeição está muito conectada com a elaboração de outros temas e afetos que já analisamos no Vibes em Análise. seguindo por essa linha, vale relembrar o episódio sobre perdas em SOBRE DIZER ADEUS, refletir sobre nossa difícil relação com a culpa em CULPA DO QUÊ?, e analisar o que acontece quando a rejeição escorrega para o DESEJO DE VINGANÇA;
— a clássica análise do historiador Christopher Lasch nos faz pensar em como o narcisismo se tornou o pilar central da subjetividade contemporânea;
— os seis ensaios da filósofa Amia Srinivasan nos convidam a refletir sobre a maneira como discutimos — ou evitamos discutir — a ética e as políticas relativas ao sexo. é um trabalho fundamental para pensar a rejeição no contemporâneo;
— paira no ar um espírito antirrejeição que dobra a aposta no fortalecimento do ego para, em tese, não ter que correr o risco de ser desbancado pelo outro: é o tal do Imperativo do Autoamor;
— o livro da Ana Suy que tanto referenciamos por aqui nos ajuda a pensar que todo amor tem sua parcela de solidão e também de recusa do outro;
— vale assistir o trechinho da entrevista do Tim Ferris com a pesquisadora Breneé Brown sobre como as relações se reconfiguram diariamente;
— o livro do psicanalista Joel Birman nos convoca a pensar na condição de desalento e desamparo que marca o sujeito contemporâneo;
— para quem gosta de referências mais densas da psicanálise, o texto do Luis Claudio Figueiredo sobre continência, confronto e ausência na clínica psicanalítica ajuda a pensar em como manejar esse tipo de desamparo.
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encerramos a temporada do Vibes em Análise por aqui… 🤓
conta pra gente nos comentários qual foi seu episódio favorito da temporada e que tema você deseja que seja abordado nesse podcast no ano que vem?
obrigado pela escuta, e até 2024!