refs. #35 Conflitos do Masculino
o que há para além dos lugares de opressão e masculinidade tóxica?
masculinidade tóxica, incels, movimentos masculinistas, homens difíceis, mito da virilidade, homens histéricos, boys-lixo, sagrado masculino, esquerdomacho. paira no ar uma crise generalizada das masculinidades. para a internet, os homens estão na sua flop era. o sentimento é de que eles estão perdidos/aprisionados entre o mito da virilidade e uma sensação de fracasso.
as últimas décadas trouxeram transformações fundamentais que desafiam a máxima “o mundo é dos homens”: revolução sexual, métodos anticoncepcionais, a solidificação da mulher no mercado de trabalho, as pautas identitárias. nesse contexto, o feminino está longe de ser o tal do sexo frágil, ou o segundo sexo... mas até que ponto?
a partir daí, ganharam tração movimentos que buscam definir o que seria o novo masculino: de um lado, há muitos homens dispostos a desmontar os estereótipos mais clássicos e nocivos. de outro, existe um efeito rebote daqueles que se sentem ameaçados por tudo isso e retomam versões bastantes caricatas: o homem muito bruto, o provedor, o pegador, o homem (entre aspas) que é "MUITO homem".
nesse espectro tão polarizante, precisamos nos questionar mais as masculinidades possíveis, parar de tomar o masculino como padrão e o feminino como diferente, e encarar uma das grandes perguntas da atualidade: afinal, o que é ser homem? e como podemos criar meninos que tenham a coragem e a responsabilidade de se tornarem homens antimachistas?
para esse episódio, contamos com a participação do psicólogo, psicanalista, mestre e doutor em psicologia clínica Lucas Bulamah , autor do livro "História de Uma Regra Não Escrita: A Proscrição da Homossexualidade Masculina no Movimento Psicanalítico”.
para ampliar ainda mais a discussão, reunimos abaixo algumas referências que nos ajudam a articular este tema. lembrando que o Vibes em Análise está com uma parceria com a livraria on-line Dois Pontos, que faz uma curadoria incrível de publicações, além de muito conteúdo pra que você encontre o livro que procura e o que nem sabia que estava procurando.
você pode comprar muitos dos livros que indicamos no episódio com 20% de desconto usando o nosso cupom "FLOATVIBES"
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1 . CARTOGRAFIAS DA MASCULINIDADE — PEDRO AMBRA
o psicanalista vem fazendo um trabalho muito cuidadoso de analisar os impasses e limites de representações problemáticas da masculinidade e seus resultados. no breve livro, Ambra e outros autores nos interrogam: o que fazer exatamente com as ruínas de uma certa masculinidade que buscamos desconstruir? vale conhecer a fala do Pedro na TV Revista Cult e, para quem se interessa por um olhar mais denso da psicanálise, o livro "O que é um homem?".
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o best-seller do escritor e educador congolês desmascara diversos mitos, como aquele que proíbe os garotos de chorarem ou demonstrarem fraquezas. a perspectiva do prefácio escrito pelo Emicida é afiado: “O mundo é seu, (...) desde que você cumpra uma lista extremamente longa de atributos — mas, acredite, você é livre e o mundo é seu. Esse belíssimo mundo de Marlboro, onde, ao vencedor, resta um câncer.”
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3 . SEIS BALAS NUM BURACO SÓ — JOÃO SILVÉRIO TREVISAN
a crise do masculino é o centro do livro de Trevisan, obra que propõe a superação dos estereótipos impostos pela “masculinidade ideal”, uma quimera cuja principal vítima é, em última análise, o próprio homem. ele propõe uma reflexão profunda e provocativa sobre o machismo, a misoginia e a homofobia — uma leitura urgente para quem busca compreender melhor o seu tempo e cumprir seu papel histórico.
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4 . DESLOCAMENTOS DO FEMININO — MARIA RITA KEHL
não dá para pensar em masculino sem falar em feminilidade, especialmente a violência e a opressão do homem em relação a mulher. nesse livro, a psicanalista Maria Rita Kehl questiona as relações que se estabelecem entre a mulher, a posição feminina e a feminilidade na clínica psicanalítica.
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e para quem quer se aprofundar mais no tema, seguem alguns links:
— os trabalhos da psicanalista Suzana Muszkat foi fundamental na construção desse episódio. é interessante ler o livro “Violência e Masculinidade" e também o seu texto "Revisitando Adão e Eva";
— a obra de Luiz Durval de Faria que traz uma perspectiva junguiana sobre a crise do masculino, na clínica e na cultura;
— para quem gosta de psicanálise selvagem, o André Alves tem um vídeo e um texto sobre o que o Ken (Barbie) revela sobre a crise contemporânea do masculino;
— o estudo e o documentário do Papo de Homem sobre o silêncio masculino e suas consequências psicosociais;
— o belo texto do Guilherme Almeida que nos provoca a pensar em como as transidentidades expandem a aquarela masculina;
— o livro da jornalista Nana Queiroz que nos convida a criar meninos antimachistas;
— a excelente publicação do Eduardo Leal Cunha sobre identidades;
— precisamos da teoria de gênero e estudos queer para pensar nas questões — e ficções — do masculino. nessa linha, tem o resumo da teoria da filósofa Judith Butler. e, para quem quiser ir além, o seu livro "Corpos que Importam";
— o vasto trabalho do Paul Preciado também é fundamental para pensarmos em gênero como ficções psicosomáticas. a nova edição do grande "Testo Junkie" é um belo lugar para começar;
— a análise do Deivison Faustino sobre masculinidades negras;
— o artigo publicado no Atlantic sobre a ascenção do termo “masculinidade tóxica”.
— coach de assédio: a matéria do nexo sobre movimentos masculinistas.
e até o próximo episódio <3