refs. #28 Desejo de Vingança
somos uma sociedade mais vingativa? elaborações sobre retaliação, perdão... e alguns links para ir além.
— você se considera uma pessoa vingativa?
dizem que a vingança é um prato que se come frio, mas é o vingativo que se sente em ebulição. o calor da vingança é tão intenso que o sujeito queima a lei, o senso de justiça e, claro, o bom senso — tudo de uma vez. temos a fantasia de saborear a vingança, mas é ela que pode nos devorar e corroer diversas partes das nossas vidas. quando nos deixamos ser dominados por esse desejo, criamos ciclos em que violência gera mais violência. e nada muda de fato.
“olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe." isso é Êxodo-21, está no velho testamento da Bíblia. mas justiça e vingança são a mesma coisa? como fazer esse discernimento? ainda mais vindo de um livro sagrado que, ironicamente, também nos oprime bastante com os ideais de perdão e com a culpa por não conseguir perdoar.
a vingança transborda contradições e, não por acaso, nosso psiquismo fica confuso. por isso, precisamos refletir sobre o que fazer (ou não) com esse afeto.
a vingança vem carregada de situações e histórias dramáticas. faz sentido que seja um enredo tão popular. de Medeia a Otelo, de Hamlet a Crime e Castigo, de V de Vingança a Kill Bill, de Avenida Brasil aos Vingadores, de I May Destroy You a Treta. é fácil nos identificarmos com um protagonista em busca de vingança.
ela pode ainda ser a justificativa perfeita para exibir e performar espetáculos de violência: true crime, revenge porn, cultura do cancelamento. assistir a um ato de vingança dá vazão às nossas tendências sádicas e, muitas vezes, ainda nos permite experimentar uma fantasia de superioridade moral. vivemos em um sistema que, frequentemente, confunde justiça e “justiça com as próprias mãos”, e não é simples sair desse enrosco psicossocial.
como diz nossa convidada do episódio, a escritora e filósofa Marcia Tiburi:
“se olharmos do ponto de vista dos ofendidos, a vingança seria até um direito. então por que os poderosos podem praticas a vingança e as vítimas desse sistema de vingança não?”
para ampliar a discussão, seguem abaixo algumas referências que nos ajudam a articular e aprofundar esse tema:
Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias
Subscreva a floatvibes para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.