você descobre uma coisa nova, daí relaciona com um livro que leu esses dias. então conversa e troca com algumas pessoas, desenvolve mais essa ideia. e aí você pensa… "peraí, eu tenho alguma coisa interessante aqui pra dizer pro mundo!". então pega o celular, vira a câmera para si, aperta o botão para gravar, se vê na tela e … paralisa. "nossa, que vergonha!”
o novo episódio do nosso podcast, o VIBES em ANÁLISE, lança a seguinte questão: o que a nossa vergonha está tentando esconder?
a vergonha é um sentimento multifacetado e socialmente focado, que desempenha um papel central na saúde mental dos sujeitos. a vergonha nos regula, nos retrai e até nos paralisa. como escreveu a autora Melissa Dahlm, os momentos de vergonha são sentidos como solavancos em que a gente é arrancados de nossa própria perspectiva e, de repente, podemos nos ver do ponto de vista de outra pessoa.
talvez por isso, tão poucas coisas pareçam tão assustadoras quanto “morrer de vergonha”. é como assistir a nossa própria morte. o problema é que, na atualidade, dezenas e milhares de pessoas também podem estar assistindo este espetáculo da sua possível queda.
a vergonha é sobre ver-se sendo visto, tomar consciência de si, sentir-se separado de si mesmo. é sobre ser tomado por um sentimento repentino de inferioridade, suspeitar que alguém vai descobrir toda a verdade e nos desmascarar. ainda que todas essas sensações sejam muito familiares, como contorná-las? e como lidar com novas expressões da vergonha? já que, se os tempos mudaram, a vergonha também mudou…?
em tempos de superexposição, cancelamento e cringe wars, qualquer passo em falso pode custar uma reputação, uma relação, um trabalho, uma geração inteira. a internet e as redes sociais transformaram radicalmente a nossa relação com a vergonha porque, muitas vezes, fizeram deste afeto um instrumento punitivo coletivo. nessa vibe, não temos necessariamente justiça e inclusão; mas sim uma sociedade que opera uma refinada estratégia de executar sujeitos através da vergonha pública e da morte social. na era da viralidade, a vergonha é uma forma esmagadora de tortura.
para escutar e elaborar algumas das atuais funções da vergonha no nosso psiquismo, convidamos o professor, psicanalista e mestre em psicologia clínica Julio Cesar Nascimento, que afirma:
“há um jogo perverso de tentar provocar vergonha no outro. é tornar público algo que não é tão atraente, reluzente, brilhoso, poderoso, bonito, que não é tão desejável.”
não se acanhe e conta pra gente o que você achou do episódio nos comentários? e para ampliar e fundamentar a discussão, essas são algumas referências que nos ajudam a pensar nas mudanças individuais e coletivas na nossa relação com a vergonha:
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