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anti-woke, firmacore, chacota da firma e estética peniana

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uma breve seleção de objetos culturais, linguagens, casos e fofocas que você não sabia que queria ficar sabendo.

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Rodrigo Turra
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anti-woke, firmacore, chacota da firma e estética peniana
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anti-woke, nova trend do retrocesso

jornaloglobo
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acorda, menine! nas últimas eleições, São Paulo elegeu o influencer de direita, Lucas Pavanato: o vereador anti-woke. é “curioso” (🤔) e muito revoltante que o vereador mais votado de São Paulo (e do Brasil), tenha o feito atacando “ideologia de gênero,” os pronomes neutros, pessoas trans no esportes e nos banheiros, entre outros retalhos que costuram esse espantalho / bicho-papão. em resumo, alguém que transformou em voto a deslegitimação e a desumanização das pessoas mais assassinadas no país que mais assassina LGBTIA+s no mundo.

o resultado parece coincidir com o retorno midiático de grandes marcas que foram canceladas na última década, pegas no flagra. modelos magérrimas aladas invadiram nossas timelines depois de um hiato de 6 anos do Victoria’s Secret Show. o casting até incluiu duas modelos trans, além de algumas plus size e 50+, mas pareciam as coadjuvantes, além da vibe anacrônica. a marca, que é uma das grandes apostas de retorno para a geração Z, tinha sido um tanto cancelada por transfobia, denúncias no movimento #metoo, além da crítica por seus ideais tão restritivos e opressores.

@enchantilillyMAGRAS MAGRAS MAGRAS eu amei q teve inclusao mesmo sendo pouca mas n da, esse audio n saia da minha cabeça 😭 #luanacoutto #victoriassecret
Tiktok failed to load.

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enquanto isso, Abercrombie&Fitch, conhecida por seus modelos brancos e sarados, fez um dos maiores comebacks da indústria, apesar de falas abertamente gordofóbicas e racistas da chefia, em um documentário com todos os seus podres. e tem a Brandy Melville, com seu approach ainda mais descarado, colocando em sua loja em Paris portas bem estreitas, viralizando nas redes e bombando em vendas, mesmo (e por causa) de tantos comentários de ódio — e também com um documentário denunciando suas práticas de exclusão.

para os gamers, tem até um detector de jogos woke.

isso tudo se dá no passo que os esforços corporativos de diversidade e inclusão nas empresas silenciamente esfriam, e a taxa de desemprego no Brasil ser mais severa entre mulheres e negros. o tsunami woke secou? a maré baixou? em um mundo em que a extrema-direita se enxerga como contracultura, estaríamos entrando na era pós-woke… ou anti-woke?

o conceito de woke (do inglês vernáculo “acordado”) é antigo, vem de movimentos negros políticos estadunidenses dos anos 30, mas foi em 2017 que entrou oficialmente para os dicionários de língua inglesa. woke define aqueles que têm consciência dos problemas de justiça racial e social, defesa dos direitos humanos e de populações minorizadas. no Brasil, ganhou algumas variações como "politicamente correto” ou "lacração", ou, no melhor estilo copia-e-cola das estratégias políticas estadunidenses, woke. e no pêndulo das guerras culturais, qualquer bandeira de reivindicação vira arma.

mas o que houve? a onda woke trouxe mudanças na representatividade e consciência, e isso incomodou muita gente que sentiu seus privilégios ameaçados. basta o crescimento do movimento anti-woke, que surge um convite para olhar no espelho, e perceber os furos da lacração: cultura do cancelamento, ostentação de virtudes (olha como eu sou boazinha, do bem, toda galera), e a polarização quem vem com posturas excessivamente combativas.

juliandemedeiros
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Žižek se diz contra, o que ele chama de woke-ismo, argumentando que a cultura woke “nos permite acordar para continuar dormindo.” certas práticas progressistas liberais de consumo, como o consumo ético ou “compre um sapato e elimine a pobreza”, são como um tapinha nas costas, do tipo “fiz minha parte,” mas no final só perpetuam a desigualdade e funcionam como manutenção do capitalismo em mais uma representação de COMPRO, LOGO EXISTO?

sem falar em como a aposta na identidade — ou identitarimo? — como centro do discurso político acabou deixando a luta de classes de fora e até mesmo perdendo a relevância para quem tem menos dinheiro. assim, ganha tração a vingança dos bastardos, como defende o sociólogo Jessé Souza em “O pobre de direita”

o movimento foi também sequestrado para gerar lucro, ou woke-washing, entrando para o rol de ferramentas capitalistas ao lado do pink-washing, rainbow-washing, green-washing e tech-washing. um discurso bonito e utópico de inclusão que é desvirtuado, esvaziado e saturado. e aí parece que entramos na hora da ressaca… bate aquela preguiça, e volta-se a dormir.

e vc.. tá dormindo aí? muitas empresas, marcas e instituições, aparentemente, andam bem sonolentas. 👀

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Rodrigo Turra
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